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domingo, 26 de junho de 2016

A tua voz


A tua voz percorre o murmúrio do silêncio que penetra
na neblina sobrevoando a escarpa da encosta.
Passeio os olhos pelo turquesa das águas e os reflexos
me falam de ti.
A lonjura é perto para abraçar o horizonte.
Ficas a um passo de mim e a dois passos da eternidade.
A solidão é o altar das minhas memórias mergulhadas
nesta cor fundida com o azul intenso do céu.

Ecos perdidos quebram o ritmo deste percurso interior.
É um despertar nesta doce melancolia que se deixa
arrastar pelo oceano da minha pele ancorando no
porto da minha alma.
E este oceano longínquo e cristalino é o regaço
onde quero voltar a adormecer no aconchego
dos teus lençóis azuis onde também dormem
as nuvens.

...


Manuela Barroso, Poemas Oblíquos