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domingo, 18 de outubro de 2015

Outrora






Desfez-se a geometria
Que percorria
O meu jardim.
As pétalas uma a uma
foram caindo
dentro de mim.

Minha casa, meu palácio
onde nasci
agora sombra
granito apenas
onde vivi

O meu baloiço que dançava
 rosas brancas
ficou sozinho.
Dança agora o pó branco
Do caminho!

Agora danço no baloiço do meu tempo
As miosótis azuis
No passo compassado, lento
Do pensamento...


Manuela Barroso, "Inquietudes", Edium Editores

                                               


sábado, 3 de outubro de 2015

Deito-me no sol


 Robert Hagan


Deito-me no sol amarelo, já cansado do dia.
A porta da minha casa, faminta de luz,
abre-se com o cintilar das estrelas que nascem
enquanto morro um pouco na noite.

Não me sinto e não me vejo.Vagueio por espaços
interestelares à procura de mim. Do outro eu que 
não encontro. Mesmo na morte do dia que sempre 
espera renascer de novo com a vida da noite.

Neste caminhar contínuo, cansam-me os minutos 
infindos, nesta perene peregrinação. Procuro o colo
da lua e protejo-me das tempestades noturnas onde
os mistérios se adensam na incógnita da escuridão.
E repouso o medo que entretanto me adormece.


Manuela Barroso, in "Inquietudes"- Edium Editores