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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O INVERNO E EU

Agora é tempo de esquecer flores e amores!
É tempo de hibernar!
Toda a Natureza que nos acaricia e potencializa os nossos sentidos, começa a diluir-se numa cadência calma acompanhando o ritmo do dia e da noite. Vai-se apagando aos poucos, vai adormecendo, entrando numa letargia... fazendo parar a vida!
Tudo pára , tudo se aquieta, se acalma, excepto a força da chuva e dos ventos que tentam sacudir este sono letárgico.
Mas tudo permanece fiel ao ciclo do tempo.
Excepto eu, excepto tu!
Não respeitamos a dolência do estio.
Não apreciamos a melancolia suave e terna do outono.
Não "hibernamos" com a fustiga do inverno inclemente...
Ele está aí, batendo na vidraça, anunciando o seu mau humor. Mas para ti, para mim, tudo funciona como se fosse primavera, uma falsa primavera.
E enfrentamos o tempo com a chuva a chorar em nós e o frio e a neve a encolher-nos o corpo ressequido pelo vento agreste.
E sonhamos.
Enquanto lá fora tudo espera pelo despertar da vida, aqui espero também pelo despertar em mim!..
E espreito a vidraça onde escrevo o meu nome, o teu nome, enquanto os campos, os jardins foram peneirados com flocos de neve!..
Aqui, junto às chamas, as labaredas crepitam com estalidos como foguetes, em sintonia com o meu conforto acompanhado de um chá e scones mornos com compotas do meu quintal...
E o mundo pára. E eu parei!
...E vem a noite. A eterna e terna noite.
Tempo de quietação. Tempo de mim. Tempo de sono e de sonhos!
Desperto.
A mente vagueia e fico atenta às suas viagens deslumbrantes...
...E deixo-me levar nas pálpebras da noite, nas fantasias da noite. É como se neste inverno noctívago me fosse permitido ter asas...
E deixo-me embalar pelos filmes que a imaginação constrói. Observo...
...E enquanto o vento corre, o seu silvo acorda-me deste tipo de pensamento hipnótico...
...E volto ao aqui e ao agora.
A revolta mistura-se com a indignaçaõ. O sonho não passou disso mesmo: pesadelos!
Volta o dia.E não quero mais sonhar. Quero enfrentar o tempo que endureça a minha alma porque a imaginaçaõ é o espaço onde se divertem os pensamentos, criando fantasias...
Resolvi calar o ego...
Dar eco ao que eu sou...
...Ou quero ser...

7 comentários:

HC disse...

É inverno...

mfc disse...

Lê-se de um só folgo!
É rodopiante e enleia.

manuela barroso disse...

:)
...é a dança do inverno
...é a dança da vida...

Marte disse...

O inverno, para mim, é o beijo da morte. É assim que me sinto, triste, sem forças, a morrer por dentro. Aguardo a beleza da primavera, o calor do verão e o efeito de outros agentes externos...

manuela barroso disse...

Minha querida amiguinha!
Não quero ver-te vestida de negro.
Solta a criança que existe em ti e sorri!
Olha os sorrisos que te rodeiam e aprende a ser menina outra vez!Se puderes...
Um terno abraço
manuela.

Anónimo disse...

Muitos beijinhos.
Carminda.

Beatriz Bragança disse...

Querida Manelinha
É isso mesmo:«Dá eco ao que tu és»! E sabes fazê-lo como ninguém!
Perscrutando o outono, é o que me sugere a tua nova página inicial!
Neste andar de cá para lá e de lá para cá,não posso deixar de passar por aqui, onde já se fala de inverno. Posso perfeitamente afirmar-te que já o senti na pele,mas não me provocou nem pesadelos, nem matéria rica para um texto como este:maravilhoso!
Não,mas não penses que o inverno pára a vida: só alguns animais hibernam.A natureza prepara-se para o que há de melhor - a primavera. Sê feliz e pensa que:atrás de um tempo,outro tempo vem!
Parabéns pela magia das tuas palavras.
Bom fim de semana.
Um beijinho
Beatriz