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quinta-feira, 29 de julho de 2010

RECORDAÇÕES


Noites de Verão.
Bateram as saudades.Memórias, como ALGUÉM disse...
Mas esta saudade, bate no fundo da alma, como a luz de lua cheia, que se espraiava melancólica e misteriosa pousando nos ramos dos plátanos e choupos que me cercavam.Assim, é uma memória de uma nostalgia infinita!Porquê?Porque o tempo é implacável e torna-se quase sinistro quando leva com ele pedaços de coração!As personagens são simples e belas: Lua, mocho piando ao longe,branda brisa morna acariciando o ar e as folhas na noite e... Deus meu, um Pai, único no mundo, que o Céu me deu com quem compartilhava as nossas convicções filosóficas e literárias!
Mas na impermanência do tempo só resta esta saudade amarga e longa...
O luar continua. As sombras deitam-se no chão num deleite sensual com a frescura da noite...
Nada se apagou...
...mas tudo o vento levou!...

terça-feira, 27 de julho de 2010

O calor e a Cidade


O verão continua, ainda bem!
Mas como vamos entender os seus caprichos? Ora amua  atirando-nos contra as folhas em dias ventosos, ora marca a sua presença esturricando-nos como torresmos...
E as gentes vão calcorreando o chão, vergadas com o peso do sol...
Mas nem todos pisam este chão tão pachorrentamente! Parece que a cidade se enche de tristes!Rostos macilentos, peles sulcadas pelos anos, braços desnudados que nos falam de tempo, sem ter sequer um gesto de delicadeza ...Mas o calor obriga a "escrever"a idade quando obriga a descobrir o corpo!
...E também há passos rasgados e firmes ,ombros e pernas esguias rostos morenos, confiantes, enfeitados com óculos de sol de "griffe"  cruzando-se com os carimbados pelo tempo!
E a cidade cheira a vazio, a nostalgia, a indiferença!
É então que me lembro das cachoeiras do Minho!
Memórias...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ventos de Verão


Verão. Morno.
O sol filtra-se por entre as tílias dos jardins.As pessoas passam apressadas. Correndo, sempre a correr...
Tento contrariar o passo que imprimem e começo num diálogo surdo, interrompido com o buzinar dos carros. Também eles apressados...As folhas rodopiam no chão poeirento.
Folhas que já viveram o seu tempo e caíram numa despedida de vida.Porque as suas vidas,continuarão fazendo parte do todo:Na Terra nada se perde...
Então, ouço o roçar das folhas nas árvores,obedecendo à força do vento, com uma "voz" tão intrigante que continuei a caminhar, pensando intrigada, na incapacidade de defenir tal "voz"!
Parece tão inútil, não é?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Linguagens


Um bosque tem o seu quê de mistério.

Fiquei prisioneira de uma espécie de estado de êxtase, numa visita feita a um parque algures numas férias de verão. Um lago, uma ponte, árvores ancestrais e silêncio!Nas águas paradas espelhavam-se as folhas enormes e raízes aéreas que desciam verticais dos troncos que subiam nas margens do lago dando um ar de austeridade e respeito numa linguagem muda mas bem perceptível .O céu era recortado por uma abóbada de folhas, emprestando a este espaço um pouco de mistério e misticismo! A luz era coada por este conjunto arbóreo, reflectindo-se timidamente na água escurecida. Na ponte, encostada ao corrimão, olhei para cima tentando compreender melhor o silêncio e a linguagem que me envolvia...Aquietei o meu pensamento porque, por momentos pareceu-me perceber que as árvores também falariam a sua linguagem...E senti uma espécie de estranho arrepio que ainda não se apagou da minha memória.

Retirei-me pensativa e serenamente como quem sai de um Santuário!

sábado, 17 de julho de 2010

Entre-Mundos


Agora sinto-me assim. Dividida. Uma espécie de nostalgia que vem não sei donde nem sei como, mas que corrói lentamente este bocado de peito como um ácido que teima em querer ficar!

As paisagens da minha infância, alongam-se no tempo e fica apenas uma boneca de trapos perdida no espaço da vida.

Procuro fugir, recordando a majestade do arvoredo compacto dos meus espaços, mas as folhas largas dos plátanos transformam-se na minha mente em rochas impiedosas, compactas, duras e distantes , antes admiradas pela sua robustez granítica!

...E a imaginação vagueia...e fujo de mim própria!

Então, procuro refúgio, qual ovelha perdida, num sítio onde não seja fácil encontrar-me!

...E fico à espera que nasça um novo dia!

Boa noite!


segunda-feira, 5 de julho de 2010

NAS ONDAS


Parece que o calor vai fazer as suas férias entre nós.

Porque estará ele tão hesitante?Ora nos desidrata, ora nos refresca!Mas mesmo às vezes sendo pouco convidativo a longos passeios,dá-nos como opção o mar para pasmarmos pachorentamente, descansando os olhos no horizonte infinito, perdendo-nos na contagem das ondas caprichosamente enformadas como se fossem farófias...e rebentam na praia onde se deitam sensualmente, esperando as carícias dos acalorados ,famintos dos arrepios que elas proporcionam!

Mas nem tudo é tão azul, tão fresco, tão puro! No meio dessa mousse branca esconde- se uma garrafa de plástico (e muito mais...), que nos faz acordar do infinito e voltar à realidade!

E o que outrora fora uma forma feliz de enviar uma mensagem, tornou-se hoje numa mensagem triste dos nossos tempos!

...E voltamos a olhar o infinito,a contar as ondas e saborear o silêncio porque apesar de tudo o mar está à nossa frente e as ondas à nossa espera!